terça-feira, 25 de outubro de 2011

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Vazio. É assim que me sinto nos dias de hoje. Sem ânimo para mais nada, nem se quer para viver. A cada dia que passa, mais e mais venho piorando. Sei que depois de um tempo, esta fase irá passar. O problema é que todos os anos, desde quando tomei conta do quão fúnebre e triste é o meu aniversário, um mês antes até dez dias depois dele, sinto-me como se fosse um peso no mundo. Eu não deveria me sentir assim, afinal, é o dia que devo comemorar a data do meu nascimento, não para ligar para as tristezas das pessoas, até porque, infelizmente, não me sinto sensibilizado com as coisas que acontece mundo afora, como a fome na Africa, os terremotos na América do Norte e na Europa, ou os tsunamis nos países asiáticos. As vezes, penso que sou um tirano por não pensar que cada ato que faço, tem - de certa forma - uma consequência em alguma parte do mundo. Mas o que me deixa triste, é ficar sensibilizado com este assunto, somente quando estou perto do meu aniversário e consequentemente penso mais nos meus atos, antes mesmo de fazê-los.

Não faz muito tempo, li um livro que me fez refletir muito sobre este assunto, cheguei até postar algumas partes dele aqui em meu blog. O nome do livro é "O futuro da Humanidade - Augusto Cury", é um livro maravilhoso. Um trecho em especial me chamou a atenção, irei citar logo abaixo, fala sobre a existência do princípio da co-responsabilidade inevitável. Querendo dizer que cada ato em qualquer lugar, interfere com a vida de outra pessoa que mal conhecemos e que mora muito distante de nós, ou seja, alguém do outro lado do mundo.
 
 "Marco Polo defendeu a sua tese com veemência. Comentou que o princípio da co-responsabilidade inevitável demonstra que as relações humanas são uma grande teia multifocal. Revela que ninguém é uma ilha física, psíquica e social dentro da humanidade. Todos somos influenciados pelos outros. Todos nossos atos, quer sejam conscientes ou inconscientes, quer sejam atitudes construtivas ou destrutivas, alteram os acontecimentos e o desenvolvimento da própria humanidade.
Qualquer ser humano - intelectual ou iletrado, rico ou pobre, médico ou paciente, ativista ou alienado - é afetado pela sociedade e, por sua vez, interfere nas conquistas e perdas da própria sociedade através de seus comportamentos. Marco Polo queria dizer que todos são coresponsáveis pelo futuro da sociedade e, por conseqüência, pelo futuro da humanidade e do planeta como um todo.
- Nossos comportamentos afetam de três modos as pessoas: alteram o tempo delas; alteram a memória delas, através do registro desses comportamentos; e alteram a qualidade e freqüência das suas reações. Alterando o tempo, a memória e as reações das pessoas, modificamos seu futuro, sua história.
Falcão começou a sair do estado de indiferença para o de assombro. “Aonde esse garoto quer chegar!", pensou.
Marco Polo foi mais longe. Discorreu afirmando que os mínimos comportamentos podem interferir em grandes reações na história. O espirro de um norte-americano pode afetar as reações das pessoas no Oriente Médio. Uma atitude de um europeu, por mínima que seja, pode interferir no tempo e nas ações da China.
Falcão começava a entender aonde seu amigo queria chegar, mas ainda não estava completamente claro. Observava atentamente cada uma das suas frases. Marco Polo passou da teoria para os exemplos:
- O padeiro que fez pão no século XV em Paris afetou o tempo e a memória da dona-de-casa que o comprou, afetando as reações dos seus filhos, que, por sua vez, alteraram os comportamentos dos seus amigos, vizinhos, colegas de trabalho, e que, numa reação em cadeia, influenciaram a sociedade francesa da sua época e de outras gerações. Assim, numa seqüência ininterrupta de eventos, o padeiro do século XV influenciou, séculos mais tarde, os pais, os amigos e, conseqüentemente, a formação da personalidade de Napoleão, que afetou o mundo.
- Hitler, em 1908, mudou-se para Viena com o objetivo de se tornar pintor. O professor da academia de belas-artes que o rejeitou afetou seu tempo, sua memória, seu inconsciente. Por sua vez, influenciou sua afetividade, sua compreensão do mundo, suas reações, sua luta no partido nazista, sua prisão, seu livro. Todo este processo interferiu na eclosão da Segunda Guerra Mundial, que afetou a Europa, o Japão, a Rússia, os EUA, que mudou os rumos da humanidade.
- Se Hitler fosse aceito na escola de belas-artes, talvez tivéssemos um artista plástico, ainda que medíocre, e não um dos maiores psicopatas da história. Não estou dizendo que a psicopatia de Hitler seria resolvida com sua inclusão na escola de Viena, mas poderia ser abrandada ou talvez não se manifestar.
Falcão estava espantado. Os papéis tinham se invertido. Marco Polo falou ainda que um índio numa tribo isolada da Amazônia também afeta a história. Ao abater um pássaro, este deixará de produzir ovos, de chocá-los e de ter descendentes, afetando o consumo de sementes, os predadores e toda a cadeia alimentar, o ecossistema, a biosfera terrestre.
Além disso, a ausência de descendentes do pássaro abatido afetará o processo de observação dos biólogos, interferindo em suas reações, suas pesquisas, seus livros, sua universidade e sua sociedade.
Uma pessoa que se suicida não deixou de atuar no mundo social, afirmou Marco Polo. O ato do suicídio alterou o tempo dos amigos e parentes e, principalmente, despedaçou a emoção e a memória deles, gerando vácuo existencial, lembranças e pensamentos perturbadores que afetarão suas histórias e o futuro da sociedade.
- Ninguém desaparece quando morre. Viver com dignidade e morrer com dignidade deveriam ser tesouros cobiçados ansiosamente. Portanto, o princípio da co-responsabilidade inevitável demonstra que nunca podemos ser uma ilha na humanidade. Jamais deveria haver a ilha dos norteamericanos, dos árabes, dos judeus, dos europeus. A humanidade é uma família vivendo numa complexa teia. Somos uma única espécie. Deveríamos amá-la e cuidar dela mutuamente, caso contrário não sobreviveremos.

Pag. 85."

Queria ser um cara melhor. Não queria mais magoar as pessoas que amo, as que me amam também, até mesmo as pessoas que não conheço e as que irei conhecer futuramente, mas sou egoísta, não consigo me importar com desconhecidos. De qualquer forma, aprendi muito lendo, aprendi muito amando, aprendi sofrendo e chorando.
Refletindo sobre o trecho, acabei prestando mais atenção nos atos alheios, então, cada decisão tomada por algum (des)conhecido, afeta meu dia, meu humor e as vezes a vida de pessoas próximas à mim, pois com a minha tristeza, acabo machucando elas. Eu não sei explicar este texto, acredito que seja mais um desabafo, pois estou me sentindo tão vazio, triste, que precisava compartilhar isso com alguém, mesmo que sejam com pessoas desconhecidas, como alguns leitores de meu blog que mal conheço. Enfim, de qualquer forma, agradeço por me "ouvir".

Take me to L.A.