sábado, 22 de outubro de 2011

Just saying... goodbye


Em um bar qualquer da cidade de São Paulo, quatro amigos meus e a minha mulher, bebiam - até o momento - socialmente. Dos seis que na mesa se encontravam, eu era o único que não estava bebendo algo com teor alcoólico, pois não estava muito bem para beber.
Na mesa, tinha uma garrafa cheia da vodka Absolut, uma dose de Whisky com energético e uma caipirinha de limão. Beberam a noite inteira, minha namorada então... Nem se fale, estava completamente embriagada depois de virar vários copos de vodka. Sua embriaguez era tanta, que começou a fazer algumas gracinhas, como colocar a mão em minha coxa, apertar e sussurrar palavras "sujas" em meu ouvido. Ela queria algo.
Mas eu mal reconhecia minha namorada, ela estava completamente fora de si, então retirei a mão dela da minha perna e lhe dirigi a palavra:
- Amor, agora não.
- Por..q..q.. quê...? Aff, m...m... mor.
- Chel, estamos em um lugar público, meus amigos estão aqui e você está bêbada.
- Ah! Tá, seu chato! - Ela ergueu as mãos e as levou até o rosto de um amigo, o que estava mais próximo dela. - Então, tá... você não quer, mas aposto que ele quer.
Ela o beijou e passou a mão na perna do mesmo, na minha frente. Estava me provocando.
Quando vi aquela cena, fiquei sem reação, embora estivesse virado no demônio por dentro. Para não prejudicar ninguém no local, apenas levantei e saí.
Já era de se esperar que ela viesse atrás de mim, então cambaleando, me seguiu. Mal conseguia andar e como a casa dela era em outro estado, não havia outra opção a não ser levá-la até em casa. Respirei fundo pela primeira vez, caminhei até a mulher que acabara de me trair, segurei seus braços com força e a puxei na direção do carro.
- Vamos. Vou te levar para casa. Me dá a chave do carro.
- Pa.. Para a sua? - Perguntou enquanto tentava me entregar a chave.
-... É. Vamos.
Depois que coloquei ela no banco do passageiro com extrema dificuldade - pois ela queria porque queria abrir minha calça -, sentei no banco do motorista e assim que liguei o carro, ela pegou no sono. Fui pela rodovia principal, pois não podia dormir com ela depois do que aconteceu. Dirigi durante horas, quase 800km para chegar até a cidade onde ela morava.

Assim que cheguei no portão, acionei o botão para que a garagem se abrisse. As luzes da casa estavam todas apagadas. Sorte a minha, a mãe dela já estava dormindo. Carreguei ela até seu quarto, deite-a sobre a cama e quando eu estava pronto para ir embora, fui pego de surpresa. Ela novamente tentara abri minha calça.
- Johnny, vem cá.. Vem dormir comigo, vem..
- Caralho, Michele. Hoje não. Não depois do que eu vi.
- Por que, Jon?
- Velho, se coloque em meu lugar, se eu estivesse pegando uma mulher na sua frente, como reagiria?
- Foi só um beijo... E eu bebi..
- Porra, um beijo?! Aquilo não foi só um beijo, e cara, mesmo se fosse, não interessa, o fato de estar bêbada não justifica o que fez. Você tem sorte por eu estar calmo e ter uma puta paciência, porque a minha vontade agora é de socar a sua cara. Agora fica quieta e vai dormir. Amanhã conversaremos com calma.
- John... - Chamou meu nome antes de cair no sono novamente, só que dessa vez, um sono profundo.
- Amanhã. - Eu disse em um tom de voz baixo, só para mim mesmo.
- O que está acontecendo aqui?! - A mãe dela entrou no quarto, após ter acordado com o barulho que fizemos quando entramos. Infelizmente, ela ainda não me conhecia.
- Desculpa acordar-te. Sei que não me conhece e deve estar se perguntando quem sou. Não sou um ladrão, não se preocupe, senhora. Só vim trazer sua filha até em casa, já estou de saída.

Caminhei em direção a porta, a mãe dela mal se mexia, estava assustada. Quando desci as escadas, ela me acompanhou até a porta. Quando coloquei a mão na maçaneta, respirei fundo pela segunda vez.
- Eu vim de longe... Vou colocar o carro na rua e irei dormir lá.
- Quem é você? Chel, não estava em São Paulo? - Ela me olhava com os olhos semi-serrados.
- Sim... Ela estava. Bebeu um pouco a mais, por isso eu a trouxe para cá. Prometo que assim que eu voltar, mando as coisas dela. - Passei a mão no rosto, estava inconformado com o ocorrido. - Sou o namorado dela, mas depois de hoje, acredito que serei o ex. Conversarei com ela depois, ela não está em seu estado de sanidade. Me desculpa por assustar a senhora, uma boa noite.

Minutos depois, quando estacionei o carro na rua, encostei a cabeça no volante, tentando dormir. Mas quem disse que eu conseguia? Passei a mão sobre o bolso, havia um volume um tanto estranho. A chave. A chave da casa dela. Fiquei pensando por algum momento sobre o que fazer depois do que ela havia feito comigo. Então conclui que devia escrever uma carta de adeus. Procurei no porta luvas algum tipo de papel que eu pudesse usar. Achei o encarte de um CD-R, peguei a micro-caneta que carrego sempre e comecei a escrever:

"Desculpa me despedir assim, mas é que se eu olhasse seu rosto outra vez e tivesse que ouvir você  explicar o inexplicável, só iria me machucar mais. Eu sinto muito ter que acabar assim. Eu amo você, mas estou decepcionado, pois para quem dizia me amar com a vida, fazer o que fez... Sinceramente não merece o meu respeito, nem muito menos o meu amor. O que você fez não tem perdão, embora meu coração suplica para que eu a perdoe. Isso está doendo em mim, muito mais do que vai doer em você, assim que acordar e ler tudo isso. Te peço que não me procure mais. Suas coisas, mandarei depois, não se preocupe. Se cuida, Chel. Não faça nada de errado consigo mesma, pois isso não me trará de volta para você.

Johnny Boy"

Abri o portão da casa. Tentei fazer o menor barulho possível, não queria despertar a ex-sogra novamente.
No quarto da minha ex, coloquei o papel em sua mão. Sorri e beijei sua testa. Ainda estava com raiva, magoado, mas devo admitir, ela parecia um anjo quando adormecia. Sussurrei em seu ouvido; "Adeus", deixei a chave do carro na mesinha ao lado da cama. Desci novamente as escadas, tranquei a porta, o portão e joguei a chave da casa dela no quintal. 

Caminhei sem rumo a seguir, não sabia o que fazer da minha vida. Sozinho, vaguei pela madrugada fria e nebulosa do mês de Outubro.

Dreaming or Nightmare?
OBS.: Nomes fictícios.



Take me to L.A.