quarta-feira, 1 de setembro de 2010


" Queria poder dizer o quanto és especial, dizer que me sinto bem contigo e que não quero perdê-lo jamais. Que o gosto da vodca perde a graça e que os olhos já não veem o óbvio, que fico pateta buscando sempre o que te dizer, selecionando palavras para que elas sejam tão suaves e aveludadas quanto as suas. Que de repente, os quilômetros já não nos separam, que quase ouço sua voz percorrendo o corredor, avisando-me de que está em casa. Alguns vão dizer que é perda de tempo insistir em uma causa perdida, mas é difícil enxergar o que se passa aqui dentro, acho que quem está por fora não deve condenar, tampouco necessita entender, deve apenas acatar e deixar em paz o que acontece. É minha paz, minha única possibilidade de paz, joguei sobre você tantos medos, tantas mágoas, tantas doenças, tanta coisa trancada, tantas coisas duras por dentro, magoei você por coisas tolas, enxerguei você em um cenário ígneo tantas vezes, absorvi toda a sua paciência horas e horas, e você, ah, você... Jamais me negou abrigo, jamais negou um colo, jamais negou o afago nesta cabeça cansada, repetia por vezes: Está tudo bem, tudo, tudo bem. Não importa se outra pessoa puder te tocar, puder beijar seus lábios e envolver os braços no teu corpo, que possa ecostar o ouvido no teu peito e ouvir teu coração, não importa... Desde que tu lembres de mim, nem que seja uma lembrança besta, mas que lembre e sorria, e que seus olhos brilhem de alguma maneira. Esse será o sinal de que, onde quer que eu esteja dentro de você, ainda serei importante, esse será o sinal de que o pedaço de mim que ficou com você ainda não me fará falta, porque eu perdi um pedaço de mim, há muito tempo, e nem morri... Porque eu recebi outro pedaço, o teu pedaço, que me mantém viva nessas tardes cinzentas de agosto, que me faz rir sozinha, que me faz sentir coisas inexplicáveis, que me faz ter dias lindos, mesmo quietinhos.

Não sei aproveitar palavras como utensílios, você sabe, sou péssima com isso, mas não vejo nenhuma outra maneira. Deixo todo o meu amor e a saudade infinita que habita meu ser e que engrandece a cada dia que passa. Eu te amo, por favor acredite, eu te amo. "

Um comentário:

  1. Ordinárias lembranças, de vez em quando absurdamente vagas outras vezes suculentas de tantos detalhes. Receosos delírios de saudades, solidão e amor que ja foi existido... Ah, compartilhemos essa dor!

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