domingo, 15 de julho de 2012

Que Deus o perdoe, meu caro amigo.



Uma vez, li em algum lugar que devemos trabalhar como se vivêssemos eternamente e viver como se não houvesse um amanhã. Talvez hoje essa frase faça algum sentido para mim, pois e se o amanhã para mim não chegar? Afinal, as pessoas estão vivas e no dia seguinte, desaparecem de nossas vidas.
É triste perder um ente querido, mas pode acreditar, é muito mais doloroso, perder este alguém por um tipo de morte mais traumatizante: O suicídio. 

Hoje perdi mais que um ente querido, não era certamente da minha família, mas era como um irmão, um grande amigo. Uma morte tão trágica e que apesar de vários boatos, ninguém realmente saberá o real motivo, pois nem se quer uma carta ele deixou. Ele era segurança há mais de 20 anos, tinha vários conhecidos policiais, tinha porte de arma e curtia tomar umas brejas nos fins de semana. Embora tivesse um leve defeito de não levar na brincadeira o que estranhos diziam a ele, era um cara cheio de qualidades. Meio estressado, do tipo grandão, fortão e folgado, mas quando estava entre amigos, não passava de um moleque bobalhão. Fazia cada piada, falava cada coisa... eram frases cômicas e épicas. Lembro do dia em que ele estava no balcão, tomando uma breja e disse:
- A mina peidou velho e eu perguntei para ela: "Tá me chamando?".
Eram frases assim, cômicas e sem noção, vindas de um cara que beirava os 40, que surgiam em meio da sua bebedeira. 
Nunca irei me esquecer das suas piadas, suas frases que só você, com a sua voz distinta, conseguia fazer. Lembro de como você comia compulsivamente pimenta, mesmo tendo problema de pressão alta (comeu dois potes de pimentas num domingo só). Você era um lunático, mas era um cara firmeza. É meio estranho saber que não vou mais ouvir suas piadas, cara. Nem sua risada. Aquela risada alta pra porra! Haha. É foda perder um amigo, ainda mais quando é um cara gente boa como você. Como eu já disse, não sei os motivos que o tenha levado a meter uma bala na sua própria cabeça. Ninguém irá saber de verdade. Mas você deixou seus filhos, cara. Deixou eles para trás. Sem nem se quer dizer Adeus. Talvez eu entenda, pois no momento de loucura, não conseguimos pensar em ninguém além de si mesmos. É nessas horas de desesperos que alcançamos o ápice do egoísmo e da hipocrisia. 

Ouvi muitos boatos, um que estava com depressão, não tomou os remédios, a depressão se agravou e passou a ter Síndrome do Pânico. Sua mãe me disse que você, ao jantar a ultima vez com ela, falou que não aguentava mais essa "pressão", que tinha uns caras te perseguindo e que ela não conseguia ver, pois ficava dormindo de madrugada. No mínimo, deve ter ficado bebendo como sempre fazia nas madrugadas de sábado para domingo, afinal, você sempre vinha trabalhar virado. Haha. Só que desta vez, não pode vir. Eu sei lá, cara, é o segundo suicídio na minha "família" e na boa, sempre imaginei sua morte numa briga, ou num tiroteiro, já que era cabeça quente! Jamais imaginei que seria um suicídio, esperava isso de qualquer pessoa, menos de você, Alex. Fico tão inconformado, porque o vi esses dias, sexta mesmo, estava tomando breja comigo. Você estava lá. Em pé. Vivo. Brincando como sempre fazia. Quando na verdade, por dentro, você não estava nada bem. Isso era uma das coisas que tínhamos em comum: o jeito de mesmo estando triste por dentro, não demonstrar tristeza e fazer com que as pessoas ao seu redor dessem boas gargalhadas, ou as fizessem felizes. No sábado, você havia me cobrado um DVD, um de música eletrônica que comprei e toquei no trampo, aquele que você gostou, disse que iria fazer uma cópia para ti, mas infelizmente não deu tempo. Haha. Vou ficar te devendo eternamente, cara... Fica pra próxima. 

Enfim, de qualquer forma, por mais que na madrugada de ontem para hoje, você tenha feito essa "proeza" maligna de tirar sua própria vida, eu prezo pelo bem da sua família e rezo para que você esteja em paz, Alex. Espero que Deus perdoe você.

Domingo, 15 de julho de 2012, 
Take me to L.A.

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